Páginas

domingo, 26 de junho de 2011

Analfabetismo e Liberdade

Sei que, para muitos – e até para mim – o tema deste post pode vir a ser confuso... O que analfabetismo tem a ver com liberdade? Pois bem, quero apenas debater sobre os dois fatos e suas abrangências sociais. Tive a idéia de fazer este post baseado na pequena discussão (via twitter) que tive com o Compositor, Blogueiro e Cantor, Tico Santa Cruz sobre o tema. Revi alguns conceitos, pesquisei mais, e agora, espero que vocês aproveitem algum conteúdo deste post!
Comecemos pelo analfabetismo. Vivemos no Brasil, país emergente, um dos maiores PIBs mundiais. No mesmo país que emerge para o Primeiro Mundo, temos uma desigualdade exponencial e um IDH baixo, drástico, preocupante. O analfabetismo funcional, no Brasil, é fruto de um sistema de educação falido e disfuncional. Preocupa-se com a educação e até o número de escolas aumenta, porém, em nosso país, uma região e uma classe social são privilegiadas. Parece clichê, mas o rico sempre tem melhore educação que o pobre em nosso país, pois a elite privada investe mais em educação atualmente que os governos públicos, que  sofrem um grande rombo nas despesas públicas de educação.
Analfabetismo no Brasil se torna então limitação, gerada por vários fatores, além de políticos, também socioculturais, regionais, econômicos... O que não concordei e gerou a minha discussão com o cantor se deu na afirmação que ele fez. Vou repetir:
“Como um analfabeto (funcional) desenvolve seu conceito de liberdade? Talvez pense que seja livre por não ter ferramentas para pensar”
Vamos analisar...
Primeiramente, é preciso saber ler e escrever para desenvolver conceitos? Como que conceitos se desenvolvem?
É óbvio que conceitos não são valores condicionais, dependendo de uma cultura para serem inseridos. Conceitos são diferentes de conhecimento. Exemplo do que falo é o conceito eugênico do nazismo. Nas escolas alemãs, na época de Hitler, as crianças ainda eram pequenas e não sabiam o motivo da guerra nem do governo nazista, porém eram bombardeadas com o conceito eugênico, aprendendo que eram raça superior e que deviam ser leais ao “reich”. Elas não estudavam nem precisavam de alguma cultura geral para aprender o conceito, pois conceitos são inseridos independentemente de quaisquer culturas abrangidas pelo receptor. Então, facilmente um analfabeto desenvolverá, por fatores “fenótipos”, ou aprenderá conceitos, sejam eles quaisquer. A diferença da cultura de quem recebe algum conceito é o poder de julgar a validade do tal, dado que quanto menos cultura a pessoa tiver, mas fácil aceitará o conceito sem esmiuçar seu conteúdo.
Falando em eugenia, o dizer do Tico foi um tanto eugênico, pois padronizou o pensamento de todo analfabeto e segregou o grupo à falta de liberdade. Quando eu generalizo e digo que todos em um grupo não podem ou podem fazer algo, sem saber da natureza de cada elemento do grupo, crio um sistema classificatório hierárquico, errando por apenas criá-lo. Só porque analfabetos têm suas limitações culturais, não posso dizer que todos classificam liberdade como “liberdade de pensar”, concluindo que todo analfabeto é feliz por poder “não pensar”. Se fosse realmente assim, uma parcela da população seria excluída de todas as ações democráticas do país, pois voto é fruto de opinião e de pesquisa e essa pequena parcela da população seria inapta para pensar.
Perceberam como criamos um caos quando queremos criar estes sistemas classificatórios? Não temos o poder de definir a sociedade por hierarquias, e nem podemos... Não há grupo superior nem inferior. Todos somos livres e ninguém pode acabar com essa liberdade por meio de classificações. Sempre que você, caro leitor, perceber alguém utilizando de uma “falsa lógica” do mesmo molde da que o Tico usou, combata estas idéias e não deixe que esse “vírus classificatório” prossiga na poluição mental dos indivíduos, pois, como sempre digo, vivemos em sociedade!


Ass.: @lgr2k9

Um comentário:

  1. Estava pesquisando na Internet algo relacionado ao alfabetismo ou analfabetism em relação a liberdade. E esse foi texto foi o primeiro que li discutindo sobre a relação de ambos... Nem sei se o autor do texto ainda está ativo no blog. Mas agradeço pela publicação do mesmo. Ainda que ele não trate especificamente sobre a minha reflexão. O que é mais importante. A educação, mesmo que enviesada, como nos casos dos países sob regimes totalitários e/ou ditaduras e essa educação obtida não poder de fato ter influência sobre a vida da população, já que está, depende e vive de acordo com o que os governos determinam. E de outro lado, um indivíduo de um país como o Brasi ou outro, que enfrente muitas dificuldades relacionadas a educação, mas que consiga transformar a sua vida e de outras pessoas, por meio do trabalho e da livre iniciativa...

    ResponderExcluir