Páginas

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Obsessão por agradar

Estou sumido a algum tempo do blog. Nem posso atribuir a culpa à minha faculdade, pois ela está em greve. Vivo o drama que outros milhares de universitários neste país estão vivendo, de suas universidades, federais principalmente, estarem em estado de greve, graças a um governo, digamos, sem planejamento algum. Não quero entrar neste viés, pois não é isso que quero abordar aqui neste post.

O que quero abordar, ou melhor, perceber, (co)juntamente a vocês, é a dura realidade existencial de todos nós: não sabemos aproveitar a liberdade.

PENSADORVivemos sempre com condições impostas por algum grupo. A família, a escola, a religião, o país... Cada grupo que pertencemos nos dita regras sobre o que devemos e não devemos fazer, como podemos ou não nos comportar. Isso não é novidade. Entretanto, há determinados momentos em nossas vidas em que podemos decidir continuar seguindo este grupo ou mesmo desistir deste grupo. Há essa liberdade.

Por exemplo, mesmo que cresçamos em determinada religião, nada nos impede de repensarmos e mudarmos de religião, ou mesmo adotar a postura de não possuir religião e não acreditar em Deus ou o que quer que seja. Há momentos em que começamos a usar de nosso senso crítico veementemente e começamos a questionar se as coisas são mesmo como nos foram apresentadas, se é mesmo correto, por exemplo, aceitar tudo que nossos pais falam. Chamo esses momentos de esclarecimentos.

A partir do esclarecimento, podemos (re)afirmar nossa crença na fidedignidade de determinado grupo, ou mesmo podemos desistir de pertencer a determinado grupo. A partir destes momentos, procuramos outros habitats, meios de nos satisfazer existencialmente, grupos que se aproximem de nosso ideal ou que nos conquistem. O problema da obsessão por agradar começa nestes momentos.

Simplesmente, quando nos encontramos na posição de escolha, de poder decidir qual rumo seguir, qual grupo pertencer, e escolhemos tais meios ambientes, sentimos-nos livres. Essa sensação de liberdade é notória quando nos sentimos realizados por termos encontrado pessoas, tribos, lugares, que nos aceitam e que nos satisfazem. A partir do momento em que começamos a pertencer a estes novos grupos, mais corretos e perfeitos, sem perceber, somos introduzidos a outras regras e de novo voltamos a ser ditados sobre o que podemos e o que devemos fazer.

bajulaValorizamos tanto estes novos habitats que não questionamos as novas regras. Começamos a, por exemplo, nos vestirmos do modo imposto, adequarmos nosso vocabulário, ouvir, ver, ler o que indicam. E muitas vezes não é uma regra instituída que nos faz nos adequarmos à nova maneira, mas apenas uma obsessão por continuar pertencendo ao grupo, por não desagradar, por não pisar na bola e dizer algo que não vão concordar. A sensação que antes fora de liberdade agora se torna uma nova obrigação, e não percebemos que nossa individualidade escorre por água abaixo.

Não exemplifiquei muito, mas acho que ficou claro o que pretendi perceber (co)juntamente a vocês. Os grupos, os habitats, os meios ambientes, todos estão sempre presentes em nossa vida e não dá para nos livrarmos disso. O que importa dizer é que é muito mais valioso conservarmos nossa individualidade e nossa personalidade que virarmos “marionetes ambulantes”. Simpatize com grupos, com pessoas, com tribos, mas não prive sua opinião, seus gostos pessoais, para agradar quaisquer regras instituídas. Esclareça-se e não se torna massa indecisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário