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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Realidades próximas, distantes, desiguais e, quisera eu, irreais

Faz algum tempo que tenho vontade de postar sobre esse assunto, que muito me incomoda, mas deve ser discutido. Falo da desigualdade e dos contrastes sociais, da miséria que sobrevive ao lado da magnitude, do muito que convive com o nada. Falo daquilo que muitos falam, sem conviver com isso ou perceber o problema à volta. Tenho a “sorte” de ter experiência necessária para falar sobre desigualdade, pois moro no Rio de Janeiro e isso “ajuda”.
contraste-social Posso me ater a falar sobre contraste social, pois qualquer região que eu visite, em minha cidade, sofre do problema. O pior é que a desigualdade, no Rio de Janeiro, atinge os maiores – e mais absurdos – patamares. Falo de mansões à uma ou duas quadras de “pântanos”. Falo de milionários que moram a 100 metros de favelas. Falo de uma sociedade altamente capitalista e hipócrita que não se compadece com o próximo, quando tem o necessário para ajudá-lo.
O brasileiro tem a fama – até um estigma – de bondoso, generoso e ajudador, mas essa marca se torna utópica, pois na realidade nos mostramos, a cada dia, um povo exclusivista, individualista, mal-educado; dentre outros aspectos repugnantes. Muitas das vezes isso acontece conosco sem percebermos.
O mundo, que é criado para quem muito tem, gera uma amálgama social e deturpa valores. Os ricos querem os condomínios, vidros blindados e lugares fechados apenas para obter uma separação com a realidade. Os pobres são privados da cultura e do conhecimento para permanecerem em seus mundinhos e não se capacitarem como verdadeiros cidadãos.
Não adianta vir e falar da democratização da leitura, dos preços baratos ou da gratuidade para centros culturais ou do incentivo ao esporte. Todos estes programas, na realidade, são destinados a poucos, ou mesmo são desconhecidos pela massa pobre. Eu já me cansei de ir a eventos culturais no centro da minha cidade (famoso esgoto ao ar livre) e não ver UMA pessoa que não tivesse celulares de última geração, carros incomparáveis ou roupas caras. Detalhe: Os eventos eram todos gratuitos.
Não só a cultura erudita, mas quaisquer coisas que promovam alguma evolução cultural ou social são privadas e não estão ao alcance de pessoas pobres. Falo da minha cidade, do meu país. Ser privilegiado no Brasil não significa poder ajudar os outros e sim poder estar acima de uma massa sem privilégios.
Nestes mesmos eventos que fui já percebi, muitas das vezes, os olhos tortos e as falácias distantes em relação ao meu status, pois não sou lá um rico nem alguém que habite a classe média. Sou apenas uma pessoa que teve sorte na vida por ter estudado, passado para um colégio diferenciado e aproveitado oportunidades. Se não acontecesse isso, eu não sei o que seria da minha vida.
Por fim, para não cansar mais os leitores com tanto texto, faço um apelo... Reflitam sobre a realidade em si. Percebam o que acontece em suas cidades. E após verem – e até ficarem surpresos com algumas coisas – façam algo, mesmo que singelo e pequeno, para tentar mudar. Estou fazendo uma das coisas mais pobres e inúteis que posso fazer, que é escrever para alguns leitores que terão paciência para ler este post até o final e repensar suas atitudes e as atitudes alheias, como espero eu. Para fim de conversa é bom lembrar que é pela apatia de um que se justifica a apatia de todos!

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