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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Relatos de um Recém-Assaltado #2 – Resumo da História

Fui assaltado. O individuo, com uma arma em posse, levou-me o celular, apenas.
Aconteceu no dia do comércio, feriado que, até o dado momento, eu não sabia que estava acontecendo. Fui para um bairro comercial, para comprar dois itens que eu precisava; e todas as lojas estavam fechadas. Pensei que só aconteceria neste bairro, então fui para outro bairro comercial, vizinho a este, por uma rua, enorme, que naquele dia, estava deserta.
pittyCaminhando nesta rua, ouvindo “I Wanna Be”, da talentosa Pitty, por meus fones plugadinhos, fui surpreendido por um rapaz, vinha na minha direção, que aparentava ter 40 anos, barba mal feita, cheiro um tanto ruim; ele me perguntou sobre a localização de um endereço e eu não soube responder. Com isso, ele retornou e seguiu a mesma reta que eu, puxando assunto comigo. No dia eu estava na posse de meu violão, meu notebook (mochila), meu HD Externo (mochila) e meu celular. Ainda bem que o menos importante foi levado.
Ele perguntava se eu tocava em banda, se eu cantava, se eu era do bairro... e eu respondia com pressa, andando em passos mais largos, querendo acabar com o assunto, pois o tom de voz das pessoas denuncia seus intuitos. Foi assim até a metade desta rua, onde ele (de um jeito assustadoramente calmo e casual) me abordou... “Isso aqui é um assalto”, mostrou a arma, “me passa o celular, mas continua andando e finge que só está conversando”.
Quem me dera fosse apenas isso que eu tivesse para relatar aos leitores... Quando ele me abordou, eu não me espantei, apenas fiquei, em minha mente, com uma raiva de proporções alarmantes, em minha expressão, o mais tranquilo possível. Resmunguei com o assaltante e pedi-lhe um favor. “Posso, ao menos, tirar o chip do celular? Pra não precisar de bloquear o número. Todos têm meu número, é o maior sufoco começar tudo de novo... Posso?”
E o mais incrível... o ladrão deixou. “Pode sim, mas faz rápido”. Após tirar o chip, entreguei o celular e continuei seguindo, agora para o ponto de ônibus mais próximo, que era ainda bem longe. Após me assaltar, o indivíduo continuou andando do meu lado e puxou assunto, querendo justificar seu ato. “Estou necessitado, estou pra ser despejado e me encontro desempregado”. E o bobo aqui concordava... “Eu sei como é, deve estar difícil... mas você tem que largar esta vida...”
Comecei a falar verdades para o assaltante. “Você precisa procurar um emprego, largar essa vida arriscada, jogar fora essa arma...”. E ele logo dizia que é difícil achar emprego... Até que eu dei dicas para ele arrumar emprego. Informei sobre sites onde ele podia se cadastrar e achar emprego... Ajudei o malfeitor!
Quando já chegava ao fim da rua, o assaltante parou, começou a chorar, daquele modo em que se tenta ao máximo esconder as lágrimas, e me disse “cara, você é o rapaz mais simpático que eu já conheci... estou até com vontade de te devolver meu celular, mas não posso, pois é minha filha, é minha família, preciso do dinheiro...”.
Acabou. Nunca mais vi aquele rapaz, e torço para que assim continue, mas este assalto me deu ideia para esta saga... Tirem as conclusões que quiserem do que me aconteceu! Eu não sei ainda o que pensar do bandido, do assalto, da minha reação; e por isso criarei posts com outras temáticas, transcorrendo outras vielas textuais. Confiram semanalmente e leiam os relatos de um “recém” assaltado.
Sempre estará em minhas memórias, ainda mais depois do que aconteceu…

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