Páginas

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Relatos de um Recém-Assaltado #5 – Quem é o Inimigo?

Nesse último post, quero me focar no contexto mais geral. Quero abordar a questão do motivo que leva a esta realidade, a dos assaltos. Em um contexto geral da sociedade, o que mantém a permanência de assaltos? No senso comum, encontro sempre as mesmas respostas, e isso me atordoa... Será que os assaltos (e outras manifestações de violência urbana) acontecem apenas por [senso comum] corrupção governamental, má qualidade da educação, miséria, pobreza, desigualdade ou falta de policiamento [/senso comum]?

Nem_capturadoNestes últimos dias, dias de UPPs, grandes capturas, obras para a copa, gastos públicos, royalties diminuídos... Nestes tempos, me questiono sobre a realidade. E acho que não sou o único. Me questiono sobre a realidade porque vejo tantos prós na TV, na rádio, na internet, mas no cotidiano, nada muda, tudo está tão congelado, estranho, tenso, chato, piorado.

Ouço que a cidade está preparada para a copa, mas pego trem superlotado, vejo obras sem término... Ouço sobre policiamento, mas vejo suborno nas blitz, aumento da pirataria... Realmente, o que acontece nos jornais e nas revistas não acontece no mundo onde vivo.

E pensando muito, percebi que a violência urbana não existe apenas pelos motivos contidos neste senso comum. A violência continua porque continua existindo gente corruptível, continua havendo falta de ética, a cobiça, a obsessão, a inveja; continuam. E por nossos pecados urbanos não serem corrigidos, por não haver uma disciplina ética – que seria o papel de uma educação de qualidade – continuamos crescendo e a semente de nossos erros só germina e se torna cada vez pior.

Não é só policiamento, não é só prisão para políticos corruptos, não é só novas escolas, ou escolas com computadores e corpos docentes completos... Não é só isso que tornará a sociedade melhor ou correta. O que melhorará a sociedade em si será espelhos para todos. Para que nos olhemos com os mesmos olhos que analisamos os próximos – com aquele julgamento e preconceito – e percebamos que somos nós mesmos os nossos carrascos, e, assim, os carrascos de nosso cotidiano.

A violência, os assaltos, os erros, continuam por nossa culpa, por culpa de outros, por culpa de todos. Para mudar, todo mundo vai ter que fazer alguma coisa, senão essa **** não vai à frente. O único conselho que deixo a quem lê este post é que tente internar estas sementes de erros, destruí-las, trocá-las por virtudes. Que tente melhorar o que puder, ajudar quem puder, fazer o que é bom pelo menos uma vez. Se não mudar o mundo, mudar a esquina de sua rua!

Nenhum comentário:

Postar um comentário