Tragédia em Realengo

Hoje, dia 07/04/2011, uma tragédia aconteceu na cidade do Rio de Janeiro. Tragédia tal que espantou uma população e trouxe um sentimento de tristeza à comunidade. Em Realengo, bairro da zona norte da cidade, um ex-estudante de uma escola municipal, foi ao local e despejou tiros, matando onze crianças, deixando muitas feridas e se matando. As autoridades, após perícias e investigações, constataram que o menino sofria de bullying e maus tratos enquanto estudante.
Pois é, pessoal, nesse clima de tristeza e questionamento, quero trazer à tona um tema para discutir brevemente enste post. Não quero falar de bullying ou maus tratos, pois não quero defender a desumanidade cometida pelo tal ex-estudante. Um tema muito mais abrangente e melhor para se discutir, tendo total relação ao acontecido é a vida em sociedade. É! Há tempos que começo meus textos com "vivemos em sociedade..." e nunca debatendo este tema... Pois vamos lá então!
Vivemos em sociedade, uma sociedade que nos impulsiona a criar métodos e estratégias para conviver, viver e sobreviver em seu meio. Esta sociedade impõe deveres, regras, valores, culturas e instintos a nós, seus integrantes. O problema desta sociedade é que, mesmo com toda a abrangência cultural que ela nos oferece, existe um pecado - cada vez mais real - que assola, cada vez mais, a estabilidade e o funcionamento dela, que é a diminuição das relações afetivas. Como todos devemos saber, a primeira sociedade em que vivemos é a nossa família, a segunda, normalmente, é a nossa escola e, daí por diante, estamos "treinados" para conviver em quaisquer sociedades existentes, ou "sub-sociedades".
Para haver um corrompimento ou quebra do "treinamento adequado" para viver nas tais, deve-se apenas haver instabilidades nas primeiras sociedades conhecidas. Antigamente, a família era vista com orgulho e famílias tinham um significado muito mais valoroso que o que há atualmente. Hoje em dia, a família parece mais uma empresa, onde os pais trabalham, a tv ou a internet é a principal educadora dos filhos, os divórcios são mais constantes e o relacionamento entre os integrantes é mais robótico e auto-programado.
Se não bastasse o problema familiar que encontra-se facilmente hoje, ainda existe o problema na segunda sociedade. A escola, que já foi o melhor lugar para educar os filhos, torna-se um lugar que adere mais ao modo de vida globalizado atual, que fere com principios sociais de amizade ou relações. Além disso, o bullying é crescente, os trabalhos manuais e colaborativos são cada vez mais raros e os alunos não têm mais intimidade suficiente com seus professores, tendo outra relação robótica e auto-programada.
Quando as sociedades principais responsáveis pela educação social dos cidadãos são falhas e decadentes, é mais fácil vermos casos como o que aconteceu hoje. Sei que essa não é a única justificativa para o tal episódio, mas acho que consertando o que há de errado, faremos melhor do que esta cumplicidade calada que fazemos hoje.


Ass.: @lgr2k9

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