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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Amor de um Relativista

Ele é um relativista. Muito raramente considera alguma ideia como concreta. Ele acha que tudo é relativo, tudo depende de inúmeros fatores para acontecer ou ser verdadeiro. Ele não consegue definir o amor. Ele pensa que nunca amou alguém. Ele relativiza seu pensamento. Ele redefine agora. Ele nunca sentiu amor por alguém, aquele amor mais próximo do platônico, o amor que todos definem como eterno, único, surreal. Ele não sabe o que é isso.

Ela o ama. Ela espera que ele perceba seu amor. Sempre que tem a oportunidade, ela diz que o ama, o abraça nos momentos que não se espera. Ela sente que os dois foram feitos para viver a eternidade juntos. Ela não o vê há algum tempo. Cada dia se torna um século de espera. Seu coração chora, seus olhos lacrimejam. Ela vê aquela janelinha ao canto da tela, com o nome de seu amor, e a ansiedade lhe domina.

Ele pensa nela. Pensa nos momentos que vive ao lado dela. No seu jeito, no seu olhar, na sua voz. Ele questiona o porquê de estar pensando nela. Ele pensa se ela pode estar o amando. Ele questiona isso. Pensa que não pode supor algo tão sério apenas porque ela lhe diz que o ama mais que qualquer outra pessoa. Ele repensa. Será que isso é a prova de que ela me ama? Mas se ela me ama, por que ela nunca me disse? Por enquanto, esta é a prova de que está sendo equivocado.

Passaram dois minutos, ele não lhe fala nada. Ela mudou o status apenas para ver o que acontece. O barulho chato de comunicador instantâneo. A janela se abre. “Amor, você está aí?”. Se o coração não estivesse em um envoltório, ele pulava de seu corpo para fora. Ela responde. “Estou”. Logo em seguida, complementa. “Eu te amo”.

Ele decide abrir o comunicador instantâneo. No momento em que conecta-se, recebe uma ligação. Deixa aberta a janela do comunicador. Um velho amigo de seu pai que ligara. Ele diz que seu pai não está em casa. O homem pede o número do celular de seu pai. Ele procura a agenda. Não sabe onde está. Lembra que está no seu quarto. Encontra a agenda ao lado do seu notebook. Dá uma olhadela para a janela e vê, nos favoritos do comunicador, o nome dela. Ele pensa em alguma coisa, mas não continua. Ele diz o número do celular de seu pai para o homem.

Ele decide chama-la. Não sabe o que dizer. Faz como sempre. “Amor, você está aí?”. Chama-la de “amor” não seria inapropriado, afinal nós somos apenas amigos? É tarde, ele já mandou. Quase que automaticamente, recebe resposta. “Estou”. Ao receber a resposta, fica feliz, porém não sabe como continuar a conversa. Será que ele deve dizer o que anda pensando. Não, definitivamente é a pior opção. “Sabe, eu acho que você me ama e que eu te amo”. Não teria algo mais imbecil a escrever. Pensa em pergunta-la como foi seu dia. Ele questiona. Por que ele deveria, afinal ele não se interessa nem um pouco no que ela presenciou no dia.

Enquanto indaga-se, o tempo passa. 25 segundos se passaram. Ele fica aflito. “Enquanto você está aí pensando no que escrever, ela pode estar conversando com qualquer rapaz mais decidido que você”. Ele fica triste. Ele repensa sobre tudo que pensou. Não é possível que ela esteja me amando. Tudo fora criado em minha mente e eu só alimentei essa ideia infantil. Ele se angustia. Ele move o mouse. Está pronto para sair do comunicador instantâneo. Afinal, pode dar qualquer desculpa esfarrapada para ela depois. A janela da conversa com ela aparece. “Eu te amo”. Ele lê, para pra pensar. Será? Um misto de angústia e conforto tomam conta de sua mente e ele percebe. Ele questiona. “Será que isso é o amor?”

2 comentários:

  1. Questão complicada desenvolvida com belas palavras.. =] Parabéns!

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  2. afinal o que é o relativismo no amor?
    não gostei do texto é muito confuso, mas se esse é o objetivo, parabens você aucansou.
    beijos

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