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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nunca vi, nunca ouvi, não conheço e odeio

Como qualquer pessoa, convivo com gente de todo tipo. Tem os mais liberais, os mais anárquicos, os mais conservadores, os mais socialistas. Também discuto muito, gosto disso. Gosto de embates de opiniões, de procurar um ponto em comum entre minha opinião e as alheias, de rever meus conceitos e perceber o quanto estou certo e, principalmente, o quanto estou errado. A partir da massificação de um determinado tipo de gente, fiquei mais seletivo para as discussões. Com esse tipo, não discuto, sou rude e ignoro logo.

Faço isso porque eles ferem a regra natural da discussão: Se for criticar, discutir ou abordar algum assunto, tenha algum conhecimento prévio. Parece óbvio; como um padre não discute sobre fotografia, um publicitário não discute sobre arquitetura. Só que ultimamente, com o crescente aumento – é, foi uma tautologia – dos pseudo intelectuais e dos metidos a alternativos, tornou-se comum a mania de falar do que não se conhece.

Lembro de uma vez, quando eu discutia sobre música com um indivíduo. Eu tinha visto as músicas do celular dele, que estava encharcado de Popboys e Popgirls. Muito Jonas Brothers, Manu Gavassi, Simple Plan, Hori, e por aí vai. Sem querer criticar o que ele estava ouvindo, apenas disse que aquilo não fazia muito meu estilo, que prefiro mais o punk, grunge, hard rock, metal... Ele disse que também curtia rock, mas que aquelas músicas tinham sido introduzidas no seu celular, por sua irmã. Acreditei, pois eram músicas do feitio do público feminino pré-adolescente de baixo QI (com todo respeito, se tiver alguém que goste).

Então perguntei para ele o que ele gostava no Metal. Ele disse que curtia Iron Maiden, Slipknot e Metallica. “Ele gosta de variedade”, pensei. Três bandas com estilos bem distintos. Como das três bandas, ouço mais Metallica e Iron, perguntei pra ele que músicas ele gosta mais das bandas. “The Number of the Beast” e “Master of Puppets”. “Dois grandes hits das bandas, que bom”, pensei. Logo depois, a última pergunta. Perguntei se ele já ouviu os álbuns que continham essas músicas. Ele disse que só tinha ouvido duas músicas do Iron Maiden e uma do Metallica, no youtube.

poser_by_movieaddictFiquei embasbacado com a pretensão que ele teve. Como alguém pode se dizer fã de uma banda ouvindo uma música, no youtube!? Quando alguém se diz fã, acho eu, é porque conhece o trabalho do artista, gostou do que ele já produziu até agora, ao ponto de sempre estar buscando mais sobre o artista, conhecendo. Esses valores clássicos devem estar mesmo ruindo com nossa nova geração.

Hoje posso dizer que sou mestre em pedagogia após ler no wikipedia sobre isso, posso dizer que vou fazer uma pesquisa sobre Geologia, apenas buscando no google e clicando no primeiro resultado. Posso dizer que sou fã de Bob Dylan, apenas ouvindo duas músicas dele no youtube. É tão fácil discutir sobre algo hoje, sem nenhum embasamento, com apenas alguns parágrafos lidos.

Futilidade do Conhecimento, essa é a nova “cultura” das massas atuais. É a facilidade do resumo, aliada à dificuldade de ter uma visão mais profunda. É a pressa de ter algum resultado inferior, aliado à preguiça da especialização. Infelizmente isso tem se tornado alastrador. Eu continuo com meu pensamento, de discutir só sobre o que sei, de pesquisar mais e mais, de não falar qualquer besteira sobre qualquer coisa. Homem das cavernas eu? Talvez... Mas se quiser discutir sobre isso comigo, tenha embasamento, do contrário não te ouvirei.

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