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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Peque, mas não deixe que descubram

Não, este não é um post de tema religioso. Talvez, a única correlação que pode-se fazer com o assunto deste post e as religiões, é uma certa mania de se meter em tudo que fazemos. Talvez com essa última frase, pude ter sido grosseiro, pude ter desrespeitado 1001 regras de conduta e daqui a pouco posso até ser processado. Pois é, é sobre essas possibilidades que quero me ater neste post.

Não gosto de ter opiniões “fast-food” em relações aos assuntos que tramitam  jornais e revistas. Não gosto de ler, por exemplo, sobre a posse da nova ministra da secretaria de política para as mulheres, e logo repetir a primeira opinião sobre o assunto. Gosto de ler a mesma notícia de diferentes fontes, ver os desenrolares e os motivos, até mesmo de ver artigos com opiniões diferentes, até criar o meu ponto de vista.

rafinha-bastosFaz alguns meses que estourou aquela notícia sobre o comediante Rafinha Bastos, de que ele fora afastado de programas de TV e processado por causa de um comentário, que alguns chamaram de piada, onde ele disse que “comeria a Wanessa Camargo e o bebê dela”. Faz também algum tempinho que a antiga ministra Iriny Lopes, hoje deputada, pediu a proibição da veiculação de um comercial publicitário, onde a modelo Gisele Bundchen tira a roupa e fica de lingerie, da marca proposta, para fazer com que o “marido” se esquecesse de seus gastos.

A ministra disse que o tom sexista da piada da propaganda era desrespeitador, que tratava a mulher como um objeto sexual. A sábia ministra não percebera o que milhões de brasileiros perceberam, que a ideia da propaganda era de valorizar a marca, de dizer que “toda mulher que usa aquela lingerie, tem seus maridos em suas mãos”. Um cliché que toda marca para mulher usa, mas que para nossa antiga ministra, mostrava um tom desrespeitador.

Na TV, não há mais aqueles momentos com comediantes quase sempre nordestinos, que faziam piadas sobre homossexuais, bêbados, loiras e até mesmo “paraíbas”, pois as emissoras agora têm medo de serem processadas. O comediante de hoje tem que fazer seu texto e antes do show, excluir todas as piadas que envolvam algo institucionalizado. Sorte nossa que ainda não existe o “Conselho Nacional das Loiras”. Ah, mas tem os direitos da mulher... É, então não teremos mais piadas com estereótipos, pois estereótipos agora são proibidos.

Não só piadas, mas opiniões. Se alguém diz que mulheres devem cozinhar para seus maridos, esse alguém é um machista que não sabe do que está falando. Ele não está atualizado com o que é correto em nossa sociedade, ele está desrespeitando. Se alguém diz que não consegue ver um negro porque houve um blackout, não há humor na falácia, apenas um preconceito enrustido, que pode ser despertado. A piada agora revela nosso “caráter vergonhoso”. Não há mais aquilo de pensar no que vai fazer as pessoas rirem, agora devemos pensar no que iremos falar, para que todos se sintam confortáveis.

Uma piada sobre loira contribui tanto para o aumento do machismo no Brasil quanto um agricultor do Peru contribui para o aumento do tráfico de drogas no mundo. Nosso país é considerado democrático, mas nos comportamos como socialistas enrustidos. E nossas opiniões são condenadas. Talvez agora pode ter alguém que acha que sou direitista, racista, homofóbico e machista. Esse alguém, pode considerar tudo que eu disse desrespeitador. Esse mesmo alguém também vai condenar todas as opiniões contra o exagero do “politicamente correto” e ler apenas o que lhe agrada.

A pior característica do politicamente correto é a fuga do debate. Como isso tem se tornado uma característica muito evidente nas opiniões alheias, posso começar a me preparar para o futuro e inevitável luto pela liberdade.

 

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